Advogada consegue rastrear e bloquear criptomoedas em golpes

Em um cenário cada vez mais digitalizado, os crimes financeiros migraram para novas formas de operação — entre elas, os golpes com criptomoedas. O anonimato fornecido pela tecnologia blockchain, embora traga avanços para a segurança e descentralização dos ativos, também abre margem para fraudes sofisticadas. Nesse contexto, cresce a importância da atuação de uma advogada especialista em fraude criptográfica .

Recentemente, um caso concreto declarou a possibilidade do bloqueio judicial de criptomoedas no Brasil. Uma Dra. Elisângela B. Taborda conseguiu rastrear cerca de 120 mil dólares desviados em um golpe digital, localizando os valores em uma carteira vinculada a uma exchange conhecida. Com base nesse rastreamento, foi possível obter uma decisão judicial favorável que determinou o bloqueio da chave pública da carteira, possibilitando a recuperação dos valores para o cliente .

Blockchain é público e rastreável, ao contrário do que muitos pensam

Um dos equívocos mais comuns quando se fala em criptomoedas é a ideia de que são “inrastreáveis”. Na realidade, o que é anônimo é o proprietário da carteira , mas não as transações em si. A maioria dos blockchains — como Bitcoin, Ethereum e outros — são públicos por natureza. Isso significa que todo o caminho do dinheiro é registrado e pode ser detalhado por quem o interpretar .

As movimentações de criptoativos ficam registradas de forma permanente em livros contábeis descentralizados, acessíveis a qualquer pessoa com conexão à internet. A rastreabilidade, portanto, não depende da identidade da carteira, mas sim da capacidade técnica e jurídica de seguir as trilhas deixadas pelas transações.

O caso da Dra. Elisângela mostra que, com conhecimento técnico e uso estratégico de ferramentas de monitoramento blockchain, é possível mapear a movimentação de ativos e solicitar medidas judiciais eficazes para proteção da vítima.

Golpes com criptomoedas estão em alta

Os crimes envolvendo criptomoedas têm se tornado mais frequentes e complexos. Entre os mais comuns estão:

• Golpes de investimento falso, com promessas de lucros irreais;
• Phishing e engenharia social, induzindo vítimas a transferirem ativos;
• Crimes em plataformas P2P, onde o comprador não envia o valor acordado;
• Invasões e fraudes com carteiras digitais, por meio de malwares ou clonagem de dispositivos.

Apesar de as transações com criptomoedas serem irreversíveis, o rastreamento e o bloqueio judicial são possíveis quando bem fundamentados.

Quais corretoras e blockchains podem ser bloqueadas em caso de fraude

Ao contrário do que muitos imaginam, é possível sim obter bloqueios de carteiras de criptomoedas, desde que o pedido seja bem fundamentado e tecnicamente instruído. Diversas exchanges e plataformas já vêm colaborando com o Poder Judiciário brasileiro, especialmente quando envolvidas em fraudes financeiras.

Entre as corretoras que já aparecem em decisões judiciais com pedidos de bloqueio, estão:

• Binance (mesmo sendo offshore, possui representação e operações relevantes no Brasil);
• Mercado Bitcoin, Foxbit e BitPreço (plataformas brasileiras);
• KuCoin, Gate.io e outras exchanges internacionais com atuação indireta no país.

Essas plataformas podem ser notificadas judicialmente a partir de indícios técnicos que indiquem movimentações suspeitas. O bloqueio pode ser solicitado com base na chave pública da carteira (endereço), independentemente de a titularidade estar formalmente identificada.

Além disso, é importante compreender o papel das próprias blockchains. A maioria das redes utilizadas em fraudes — como Ethereum, BNB Chain, Polygon e Tron — são públicas, o que permite o rastreamento completo das movimentações, mesmo quando os fraudadores tentam dificultar esse processo.

Segundo a Dra. Elisângela B. Taborda, uma das estratégias mais comuns dos golpistas é o uso de stablecoins , como USDT (Tether) e USDC , devido à sua equivalência ao dólar e ampla acessível nas exchanges globais. “Eles usam stablecoins porque fornecem movimentar valores com mais previsibilidade, e espalham os fundos em bolsas ou centenas de microtransações para tentar desistar rastreamento”, explica.

Em um dos casos mais complexos atendidos por ela, foram identificadas mais de 117 transferências consecutivas . "Mesmo assim, conseguimos mapear todos os passados ​​e localizar a carteira que consolidou o montante. Foi nessa carteira que pedimos o bloqueio judicial — e tivemos sucesso em recuperar o valor", relata.

Esse tipo de estratégia, que combina análise forense de blockchain com peticionamento técnico , é cada vez mais necessária em golpes digitais, especialmente no ambiente criptográfico. Uma atuação rápida e coordenada com especialistas em investigação digital pode fazer a diferença entre um prejuízo irreparável e uma recuperação bem sucedida.

O papel da advocacia especializada

Atuar em golpes com criptomoedas exige uma abordagem multidisciplinar. Um advogado especialista em fraudes bancárias e criptoativas deve:

• Entender o funcionamento da tecnologia blockchain e suas ferramentas de rastreio;
• Conhecer a legislação atual e os mecanismos legais disponíveis;
• Ter agilidade para agir nas primeiras horas após uma fraude.

Esse tipo de atuação aumenta as chances de preservação dos ativos e de responsabilização dos autores do golpe.

Sim, é possível recuperar dinheiro perdido em golpes com criptomoedas

Casos como o da Dra. Elisângela Taborda mostra que a recuperação de valores em fraudes com criptomoedas não é apenas uma hipótese — é uma realidade. Com investigação adequada, uso de ferramentas específicas e rapidez na atuação, o que parecia perdido pode ser recuperado .

A crença de que os ativos digitais são inalcançáveis ​​judicialmente está sendo derrubada por decisões concretas, fundamentadas e cada vez mais frequentes. Para quem foi vítima de um golpe com criptomoedas, há caminhos possíveis — e resultados reais sendo conquistados.

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